domingo, 30 de janeiro de 2011

Trabalhar com o Dr. House


Durante as ultimas duas semanas passei pela sensação do que seria trabalhar com o Dr. House (ou pelo menos com uma ideia mais realista do mesmo). É impossível alguém entrar numa sala, onde já estão os alunos reunidos à volta duma mesa, pegar num marcador, começar a escrever no quadro sintomas e depois dizer: "Temos uma paciente com pneumonia e duas semanas depois uma falha renal. Dêm-me teorias para relacionar os dois.", sem que nos venha automaticamente à ideia essa personagem.

O homem é temido por todos os alunos de veterinária da Universidade do Tennessee, que dizem não ser incomum este os deixar a chorar nas suas orais... Durante estas duas semanas, no entanto, fiquei convencido que isso é mito, porque o homem até parece ser divertido e ria-se muitas vezes. E quando acertávamos uma pergunta difícil ele congratulava-nos muito, e ele próprio parecia ficar estranhamente feliz com isso. Como isto é um blog de família, não vou transmitir o que parecia acontecer quando tal sucedia, mas digamos apenas que nunca pensei ficar tao feliz por um homem me dar palmadinhas nas costas e dizer "Good job!", depois de se expressar daquela maneira =P.

Por outro lado, quando ele fazia uma pergunta, e ninguém dava uma resposta nos dez segundos seguintes o ambiente ficava um bocado para o pesado. Mesmo quando as perguntas eram coisas complicadíssimas, tipo qual a proteína envolvida no mecanismo de acção do antibiótico X... Ou qual a acção específica de cada uma das interleucinas... Ou ainda qual a acção dos orgafosfatos nos receptores muscarínicos e nicotínicos. E isto não eram perguntas que ele fazia de vez em quando. Isto eram mesmo as perguntas normais do dia-a-dia.

Todos os dias tinhamos uma ou duas "rounds" (as tais reuniões para discutir casos e em que ele nos fazia as perguntas), e se durant uma delas não sabíamos responder a algo eles mandava-nos estudar para a proxima round, e aí tihamos que saber tudo na ponta da língua. Foi muito exigente, porque passávamos 13 horas no hospital e quando chegavamos a casa ainda tinhamos que estudar para o dia seguinte. Nos ultimos dias ia para a cama às 21h ou 22h porque já não aguentava mais :S. Mas a verdade é que aprendi bastante, e sinto que agora estou mais preparado para ser um bom veterinário.

Ah é verdade. Tive também os meus primeiros dois casos. O primeiro foi um caso de oftalmologia, em que praticamente não tive que fazer nada a não ser falar com os donos, porque a equipa de especialistas de oftalmologia tratou do caso :P. O segundo foi uma cólica e, por acaso, foi escolhido para se fazer um vídeo sobre a abordagem a um caso de cólica, para mostrarem aos alunos da universidade. Então lá me filmaram a falar com os donos, a fazer o exame de estado geral e a colocar o tubo naso-gástrico (felizmente correu tudo bem ufff). Outra coisa boa é que também fiz o meu primeiro diagnóstico correcto. Quando o "Dr. House" me perguntou qual os meus possíveis diagnósticos para o caso, eu disse em primeiro lugar IBD (uma doença inflamatória progressiva do tracto intestinal). Quando mais tarde fizemos a necrópsia (sim tivemos que eutanaziar o cavalo porque os donos não podiam pagar a cirurgia necessária :( ), descobrimos que o cavalo tinha linfosarcoma, que é a pior forma de IBD. Para o cavalo foi uma pena, para mim foi uma pequena alegria.

Pronto de momento é só isto. Chegou ao fim o primeiro mês, e amanhã começa a rotação de cirurgia. Vamos ver como será.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

This is Tennessee!

Hoje de manhã quando me falaram no jogo de Basketball que ia haver e na possibilidade de irmos, fiquei logo cheia de vontade de ir. Quando em Portugal se fala de desporto universitário ninguém se entusiasma muito. Talvez pensemos nos tempos em que a UTAD tinha uma equipa de futebol de salão na primeira liga, mas isso já são outros tempos... Aqui, Knoxville TN, casa dos Volunteers, a coisa é diferente!!


O símbolo dos Volunteers!



Saímos do hospital veterinário às 6:30pm e apanhamos o autocarro gratuíto que leva as pessoas do campus universitário ao estádio. Sim, escrevi estádio e não pavilhão de propósito. A Thompson-Boling Arena tem capacidade para 21,678 pessoas..! Ao sairmos do autocarro encontramos logo vários homens a quererem vender bilhetes para o jogo. Assim conseguimos pagar 10$ em vez de 15$!

A arena e atrás o mega estádio de futebol americano.
 Quando chegamos lá ficamos bastante surpreendidos com as instalações. Tudo parece novo e bem tratado. Fomos procurar os nossos lugares e sentamo-nos a ver os jogadores a aquecerem e a apreciar o ambiente do pavilhão enquanto enchia. Acabamos por ser cerca de 19mil pessoas a assistir!
A grande diferença entre o desporto na Europa e o desporto aqui, é o facto de os americanos transformarem tudo num verdadeiro espectáculo. Animação não falta nos tempos mortos. E isto é só desporto universitário!

Passado algum tempo de estarmos lá, chegou a mascote, um Bluetick Coonhound (raça de caça típica do sul dos EUA) e a banda da UT! Banda essa composta por imensos intrumentos de sopro e bateria. Tocaram várias músicas durante as pausas do jogo e deram ritmo à festa.

Depois de os jogadores terem saído do campo para irem ao balneário receber as últimas instruções do treinador, voltaram ao campo totalmente equipados no seu fato de treino laranja brilhante, não fosse o laranja a cor da UT! Antes da equipa da casa a equipa da casa, entrou a equipa adversária a LSU (Louisiana State University). Enquanto os nomes de cada jogador adversário era anunciado, os alunos da UT (que têm bilhetes de graça para os jogos) fingiam ler jornais muito desinteressados. No final de cada nome, baixavam os jornais e diziam 'Sucks!'. Já a apresentação de cada jogador da casa, para além de ser feita num clima dramático com luzes apagadas e luzes de holofotes a passearem pelo campo, tinha direito a fogo de artifício! (de lembrar que é desporto universitário...). Antes de começar o jogo, não podíamos deixar de ir buscar o cachorro quente e a coca-cola!

A apresentação de um jogador dos Volunteers
 
O ambiente dramático =P


A recepção aos jogadores no campo. Recebidos dentro de um Tê formado por cheerleaders
Claro que não podia faltar o hino dos EUA antes de começar o jogo. Cantado pelo coro masculino da UT. Com a assistência toda em pé e am silêncio profundo. Alguns com mão no coração, outros a fazer continência e outros, como o Trigas, a falarem por não perceberem que o hino não é o da UT mas o do país. Lá começou o jogo! Foi até bastante interessante, apesar da LSU me parecer uma equipa bastante fraca. Deu para haver algumas jogadas de alto nível que faziam as bancadas delirar! Sempre que a equipa estava na defesa, os alunos da UT gritavam 'defense', 'defence', defence'. Os Volunteers ganharam 75-53. Sempre que algum jogador marcava um triplo, o comentador dizia o seu nome seguido de 'with three for Tennessee!'


Os tais rapazes a fazer umas cenas maradas =P
No primeiro time-out da partida, apareceram pessoas a atirar brindes para as bancadas e no meio do campo andava um canhão que disparava os brindes para as zonas da bancada que mais pediam para os receber! Nos tempos seguintes tínhamos as cheerleaders com cartazer a dizer 'clap' ou a dizer 'louder'. A banda ia sempre tocando qualquer coisa animada. No intervalo uma pessoa é escolhida aleatóriamente da bancada e tem 25 segundos para marcar 3 cestos. Um de dentro da área um da linha de lance livre e um da linha de triplo. Se conseguirem ganham 5.000$!! O rapaz não conseguiu por 2 segundos.. Quando lançou à sorte da linha do triplo, já lançou mesmo em cima do zero e a bola acabou por entrar! Que pena... Bem, teve de se contentar com 4 bilhetes para o rodeo. Para além desta animação houve ainda um grupo de rapazes a fazer mortais. Foi um número louco. Mesmo porreiro e mesmo difícil de descrever, tinham de lá estar!
As cheerleaders não eram nada de especial, foram uma desilusão.

O jogo
Um timeout












Para acabar, não podia não falar da famosa kiss-cam!! Foi sem dúvida uma parte super divertida do espectáculo! A reacção das pessoas quando dão conta que estão a ser filmadas é super engraçada. E para terminar, foi um casal aí nos seus 80 anos, super fofos e super apaixonados!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sabes que estás na América quando... [7]

(vamos lá por ordem nisto, senhor Triguinho... :P)

... dentro da sala de cirurgia ecoam os grandes êxitos dos anos 80, e não há ninguém, das anestesistas à cirurgiã de serviço, que não cante e dance, cheias de entusiasmo...



Esta foi uma das estrelas da tarde! Espero que gostem (pelo menos tanto como eu gostei, de queixo caído a ver pessoas respeitáveis, de pijama, máscara e touca, a abanar-se feitas doidonas ;) )

domingo, 23 de janeiro de 2011

Cardiology - Aproved! :D

E assim chegou ao fim a minha primeira rotação: Cardiologia. Esta é uma rotação de apenas duas semanas que eu aumentei para 3. Antes de vir, tinham-me dito que não seria possível fazer esta rotação, pois já estaria preenchida pelos alunos de cá. E estava, mas o Dr. Lengendre (que nos foi buscar ao aeroporto), "worked his magic" e lá houve lugar pra "Tugas" :)
Quer a Residente quer a Professora são muito simpáticas, divertidas e explicam muito bem os temas que são abordados nas "Rounds". Nas primeiras duas semanas houve muitos casos, vi quase tudo o que é doença congénita (excepto PDA que era o que realmente precisava de ver pra minha tese!!), tive direito a uma Tetralogia de Fallot que é daqueles defeitos que estudámos e provavelmente nunca vamos ver! Degenerescências valvulares, defeitos do septo interventricular, uma aorta pequena num Boxer, cardiomiopatias dilatadas, hipertróficas, estenoses aórticas,hemangiossarcomas, VPC's... just name it..! Auscultei muitos bichos, tive um caso só meu (o que é difícil quando se está numa rotação com mais 2 Americanas que pagam balúrdios para estudar aqui e há poucas consultas por dia).
Ouvi falar em "open heart surgery", mas isso só se faz em 3 sítios no País e Knoxville não é um deles :P Mas fazem cirurgia para resolução de estenoses pulmonares, colocação de pacemakers, etc. Não assisti a nenhuma, porque pelos vistos a época alta dos problemas cardíacos é no Outono (LOL). Ouve-se falar em muitos mil dólares de cada vez, os donos dos bichos gastam balúrdios com os seus animais e são designados por "Mom" e "Dad".
Durante a nossa estadia por cá há-de surgir um PDA pra eu acompanhar!
Agora segue-se Medicina Interna, acaba-se a boa vida, o entrar tarde e sair cedo, e começa o trabalho árduo :)
Bô, há-de correr bem :)


P.S. Ai um caldo verde...um arroz de marisco... :/

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Love at first sight

Nunca fui fã de oftalmologia. Não é uma área muito discutida no nosso curso em Vila Real. E como tudo o que damos é puramente teórico no 5ºano, excepto o exame oftalmológico que damos no 3º ano. Isto só leva a não conseguirmos gostar de patologia ocular. Até porque bem sabemos que normalmente não gostamos das coisas que menos percebemos.

Conseguem entender o meu espanto, quando, no primeiro dia do meu turno de oftalmologia, dou por mim a treinar cirúrgia palpebral e de córnea! Ou a acompanhar uma das aulas práticas dos alunos de cá, a que chamam 'labs', onde há cortes anatómicos e histológicos de todas as partes do globo ocular.

Aqui podemos tocar, mexer e remexer as coisas. Ficar a entender tudo não por vídeo mas por toque físico. Uma coisa é ver suturar uma córnea, outra é sermos nós a passar a agulha e sentirmos a resistência.

Ao segundo dia já estava a fazer consultas com exames oftalmológicos completos. A única vez que tinha feito um exame destes tinha sido durante uma aula de semiologia médica, está agora a fazer 3 anos. Aqui já faz parte do meu dia-a-dia.

Portanto, sim. Posso dizer que não desgosto de oftalmologia. O que precisava era mesmo de aprender mais um pouco sobre o assunto e fazer as coisas sozinha. Já para não falar que é na oftalmologia que encontramos os 'gadgets' mais marados (e caros) de veterinária!!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Let's go to the movies!

Vá digamos que não foram muitas as pessoas a aderir à ideia. Ou melhor, fui só eu!
Cinema típico americano, daqueles que não estão metidos no meio de um shopping. Quando lá cheguei, faltavam 10minutos para o início da sessão e havia uma pequena fila na bilheteira. Toda a gente ia ver o mesmo filme que eu!

Primeira diferença para o cinema em Portugal: os bilhetes são impressos em papel resistente e não naqueles papéis tipo talão que tanto detesto!! Segunda diferença: o tamanho das bebidas e pipocas. Em grande escala, vá... Pessoalmente preferi deixar essa parte para quando tiver companhia para ir no próximo fim de semana.

Entrei na sala e mais uma diferença. As filas estão todas ao mesmo nível e a sala tem muitas filas e muito curtas. Pelo menos pelos nossos padrões. Torna a sala longa e algo estreita. Os americanos não marcam lugares e por mais estranho que pareça, gostam de ficar nos lugares das filas do fundo. Acho que para estar a essa distância do ecrã mais valia ficar em casa a ver televisão...

A publicidade que passa tende a ter um pouco de lavagem cerebral no que toca a consumíveis do bar. Particularmente a Coca-Cola. Passam menos publicidade que em Portugal e vários trailers. Como o filme que fui ver era um filme europeu, passaram mais trailers de filmes estrangeiros (ou não americanos) do que americanos!

"The King's Speech" não foi a melhor escolha para ver sem legendas. Mais pelo facto de a sala não ter a melhor acústica, ou pelo volume não ser suficientemente alto para quem precisa de estar super atento ao que dizem. Percebi tudo mas tive de me concentrar mais do que pensava! O que mais me surpreendeu foi o ambiente da sala perante o humor inglês! Adoraram e riram imenso.

Foi uma experiência cinematográfica diferente. Na verdade todas são. Quer seja pelo filme, pela companhia, pelo resto da audiência, pela sala/sítio onde vamos..!

domingo, 16 de janeiro de 2011

Guiness Record

Todos os veterinários passam pela mesma experiência quando aparece um animal em que o exame físico e análises sanguíneas (e exame neurológico neste caso) não fazem sentido. Ficamos sem saber o que fazer. A única maneira de termos alguma pista é fazer uma batelada de testes, se houver dinheiro. Testar todas as doenças infecciosas mais comuns da zona e esperar ter a sorte de um teste vir positivo. Ou isso, ou esperar que o animal comece a ter novos sintomas que nos ajudem.
Neste caso, nada fazia sentido e foram pedidos todos os testes possíveis e imaginários. O animal foi virado do avesso para se tentar perceber o que se estaria a passar. Já depois de Rx, ultrassom, consulta de oftalmologia, estavamos na consulta de ortopedia quando uma das médicas ortopedistas diz: está aqui uma carraça!
Um dos diagnósticos diferenciais do animal era a paralesia da carraça, apesar de não encaixar bem no quadro. Tiramos a carraça e se fosse essa a causa do problema era esperado que o animal no dia seguinte estivesse muito melhor. A quantidade de testes feita ficou pela módica quantia de mil e duzentos dólares. Isto fez com que eu e a clínica responsável ficassemos contentes, com a possibiliade de o animal melhor, mas tristes com o dinheiro gasto pelos donos. A carraça mais cara da história e digna de record do guiness!!


No dia seguinte, o animal não estava melhor... (uff-oops)
Afinal os testes serviram para alguma coisa. Um deles veio suspeito e acabou por tornar o caso em algo super interessante, já que não é todos os dias que temos uma apresentação neurológica de toxoplasmose num cão.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cá estou eu a estrear-me no blog ou ainda me batem (não é pai? :P)

Estamos há 12 dias pelos States e já sonho com um caldo verde quentinho, com o coq au vin da mamã, o pão da padaria do Sr. Luís... ai ai ai...

Bem, para não dizer disparates deixo aqui algumas fotos! enjoy ;)





















segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

2011: A MRI Odyssey

Já há vários dias que me andavam a oferecer casos clínicos lá no hospital. Quando finalmente achei que estava preparada para fazer consultas em inglês, lá aceitei um caso de convulsões.
Depois da consulta e respectivo exame neurológico a suspeita era de tumor intracraniano. Aqui, como meio de diagnóstico de eleição temos a bela da ressonância magnética! A MRI como dizem. Mas antes disto tudo era preciso fazer uns parâmetros sanguíneos e Rx torácico para ver se já havia metástases. Caso houvesse, a MRI já não seria essencial e os proprietários podiam arriscar não a fazer tendo em conta que custa mais de mil dólares.

No dia em que recebi a cadelinha, com todas estas coisas para fazer, não tivémos tempo para a dita MRI, já que os Rx aqui demoram imeeenso tempo a serem feitos. O posicionamento do animal tem de ser perfeito e todos os animais são sedados para se conseguir manipular os bichos decentemente. (Eu sei, é de loucos!)

Chegou o dia seguinte e lá fui eu com a cadela para a MRI. Chegamos lá com a cadela sedada e foi feita a indução anestésica e o posicionamento na mesa, (este não precisa de ser tão perfeito porque dá para regular ângulos no computador). Só esta parte demorou mais de meia hora. Quando carregam no ok para iniciar o scan, a máquina da erro. Estranho... Deve ser qualquer coisa dentro da sala que está mal conectada. Vão lá dentro verificar. Tudo bem, agora deve funcionar. Carrega-se no ok, ERRO! Muito estranho... Vão lá dentro, mudam o suporte da cabeça da cadela e o cabo que liga a máquina. Carregam ok, ERRO! Telefonam ao responsável pela ressonância, ele diz uma ou duas coisas e ERRO. 'Fuck' diz a técnica. Liga à Siemens. Não sabem que se passa portanto têm que vir cá ver o que se passa com a máquina. E agora? Tumografia computorizada (CT como eles dizem).

Bem já que a cadela está anestesiada, lá vamos nós para o CT. Não é tão bom para tecidos moles mas ao menos é alguma coisa. Como é óbvio não se ia cobrar nada aos donos. Depois de um CT sem nenhuma alteração e já que a cadela estava a dormir, porque não uma recolha de líquido cefaloraquidiano? (CSF tap)
Mal acabam a recolha, alguém vem informar que os senhores da Siemens já trataram de pôr a MRI a funcionar. Com isto já íamos em duas horas de anestesia. E agora? Lá vamos nós de novo, para a ponta do hospital onde está a ressonância. Na verdade, não é bem dentro do hospital, está no exterior numa espécie de pré-fabricado de luxo, mesmo à saída do atelier de anatomia (que por acaso é gigante, com imensos ossos, bichos embalsamados das mais variadas espécies, etc etc).

Resumindo e baralhando, a ressonância foi feita e infelizmente não veio limpa como o 'TAC'. No entanto não é um processo tumoral, o que é bom. O mau é ainda não sabermos o que se passa. Mas vamos lá chegar!

domingo, 9 de janeiro de 2011

sabes que estás na América quando... [6536389]:P

... Quando vais a um bar e tens que pagar 5 $ só para teres direito a estra lá dentro. Não! Não tou a falar de consumo mínimo. Tou mesmo afalar de pagar para entrar, tal e qual tivessemos a entrar num museu. A diferença é que num museu, tens mesmo coisas que valem a pena serem vistas lá dentro, e a seguir não pagas por cada quadro que quiseres ver... Mas verdade seja dita, eu não paguei nada e ainda hoje não percebo muito bem como. É que o matulão da entrada disse-me que eu tinha que pagar os tais 5$ e eu disse "Ok", mas pensei que se pagava só à saída (nesta altura ainda estava convencido que se tratava de um consumo mínimo) e entrei na mesma e o gajo não me pediu mais vez nenhuma o dinheiro. acho que ficou com medo da minha aparência de talibã :P...
Bem uma vez lá dentro a cerveja mais barata que tinham custava 3,25$!!! E se quiséssemos com sabor a lima (que basicamente seria como pedir uma Super bock Green em Portugal, mas pior!) temos que pagar 3,50$... E claro isto tudo sem a famosa "Tip" obrigatória GRRRRRRRR!!!!!
Se acham que isto já é caro, esperem até saber a melhor... Quando decido ir à casa de banho fazer as mínhas necessidades básicas, encontro um homem muito bem vestido, na casa de banho ao qual não liguei no início. Ate que quando vou a sair me apercebo que o homem antes de mim tá a dar 20$!! de gorjeta ao tal senhor bem vestido. E então olho à minha volta e vejo uma quantidade impensável de perfumes, desodorizantes e cremes para os clientes usarem. Claro decidi não usar nada para não pagar nada. Limitei-me a usar o sabão líquido e mesmo assim o homem achou por bem dar-me um papel para limpar as mãos. Papel esse que estava mesmo ao meu lado, logo não precisava de ajuda para pegar nele. Mas pronto agradeci-lhe na mesma e decidi sair da casa de banho o mais depressa possível sem sequer olhar para a cara dele. O Jakob (o rapaz alemão do meu post anterior) não fez a mesma coisa e então o homem muito sério pergunta-lhe se ele não lhe vai dar dinheiro nenhum em troca do serviço nulo que lhe estava a prestar :P... E o Jakob lá lhe deu 25 centimos o que acho que ainda ofendeu mais o senhor :P...
A sério a América pode ter muitas coisas boas, mas ter um gajo a inspecionar-me enquanto estou na casa de banho e depois ainda lhe ter que pagar por isso não é uma delas!

Ps - E eu que já tinha ficado imperssionado só pelo facto da máquina que vende presevativos na casa de banho, também vender Tic-Tac's antes de me aperceber disto tudo...

1 triste tigre, 2 tristes tigres,3 tristes tigres…e um esquilo muito feliz!!!

Na verdade são 2 tristes tigres brancos e um triste leopardo que vieram parar ao Hospital esta semana.

O primeiro triste tigre (uma tigra branca), foi o meu primeiro paciente quando cá cheg

uei e

não só era triste como era infelicíssima, e teve de ir para o céu dos tigres =s Aliás, o meu primeiro dia foi preenchido com animais que foram dormir e nunca mais acordaram!

E também é verdade que o esquilo feliz, ou pelo menos deveria ser, já que o proble

ma que lhe foi diagnosticado foi de masturbação excessiva, afinal não era assim tão feliz

e acabou por ter de ir para o céu dos esquilos perversos (mas suponho que foi muito contente)!

Enfim, já percebi que esta rotação de exóticos na parte referente a

animais de zoo e selvagens tem um desfecho muitas vezes…digamos que sonolento.

Desde pinguins, tigres, esquilos, patos (felicidade para uma das alunas americanas) , águias e petauros do açúcar(TÃO GIROS!!!!), para além dos domésticos mais habituais como furões(Ehhhhhh=D=D=D) , coelhos e todo o tipo de psitacideos,só nesta semana já passou de tudo um pouco (uns mais sonolentos que outros) e cada dia é uma aventura nesta rotaç

ão (se não for pelos animais é pelos donos loucos que metem os furões na boca para que

eles os lambam bem lá dentro ou pela chefe de serviço e residente responsável, pessoas sérias e temíveis que fazem perguntas terríveis e que de repente transformam-se em seres que cantarolam musicas de fundo enquanto desenrolam um placard todo vónito com perg

untas

(que têm valores fictícios em dólares e estão organizadas em categorias como “funny bunies” e “rocking reptles”!!!) para fazerem um jogo do géne

ro de “Quem quer ser milionário” com direito a campainhas para responder e tudo =p!

(Ah sim, e que já agora eu ganhei!!!) =D

Sabes que estás na América quando... [5]

Uma viagem de autocarro se torna uma experiência única (outra vez, sim!).
E tens dois tipos, com ar de veteranos, a meter conversa com todos os passageiros... e, de repente, apercebes-te que te estão a dizer "six foot, you're six foot tall!" blah blah blah "you know the kfkfjjdksisjjs Rangers?", viram para a Carolina e dizem-lhe que é mais baixinha... "five two!" e, quando finalmente nos levantamos, perdidas de riso (eram simpáticos ,coitados), despedem-se com "...ahhh, five nine, you're five nine!!! Have a good day!!"




(apenas para que conste, eu sou five seven! Não se enganou por muito ;) )

sábado, 8 de janeiro de 2011

Sabes que estas na America quando... [4]

Em relacao a escrever em portugues nos teclados americanos:

1. na porcaria dos teclados nao existem acentos graves, agudos e circunflexos.
2. na porcaria dos teclados nao existem ces de cedilha
3. nao conseguimos por o til em cima de vogais porque temos de carregar no shift so para conseguir faze-lo aparecer
4. o apostrofe merece uma tecla so para ele
5. nao precisamos de usar o ALT+GR para termos parentesis rectos

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sabes que estás na América quando... [3]

não há máquina de lavar em casa e tens de passear alegremente as tuas roupas uns 50 metros para a poderes lavar... e secar. E pagas o serviço como se estivesses em Vegas nas slot-machines :P

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Sabes que estás na América quando... [2]

No hospital veterinário:

1 não se usam calças de ganga

2 se usa sevoflurano e não isoflurano

3 se usa famotidina e não ranitidina

4 o raio x tem tanta definição que se vêem estruturas nunca antes observadas num mero Rx

5 se usa ressonância magnética

6 se vê um caso de Tetralogia de Fallot no segundo dia de estagio

7 se vê um caso de hidroencéfalo no terceiro dia de estagio

8 se vêem tigres, leopardos, etc regularmente

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

The chocolate/pepper paradigm

Finalmente a primeira ida a uma casa de panquecas! Já tinha sido marcada para depois do jantar de ontem mas a preguiça foi mais forte...

Hoje o trio maravilha, (leia-se Inês, Trigas e Nanda), foram à iHop uma casa de panquecas, aberta 24h, mesmo aqui ao lado de casa! O ambiente era bastante acolhedor. Depois de nos levarem à mesa e recebermos os menus para fazermos o nosso delicioso pedido, vieram servir café mesmo à americana. Termos em punho, enchem a nossa caneca e mais tarde oferecem-se para a encher de novo.

A senhora que nos estava a servir era aquela típica senhora querida, de cabelos brancos, óculos, baixinha e bem redondinha! Sempre super atenciosa. Quando chegaram as nossas panquecas, iniciamos pacatamente o nosso banquete. Não sei bem o que se passou, mas o ambiente começou a descambar quando a Nanda se lembrou dos toppings que estavam disponíveis na nossa mesa e que nenhum de nós estava a usar. O javardo do Trigas decidiu começar a despejar os tais toppings em cima das nossas panquecas. Eram 4 toppings diferentes e ele parecia estar a divertir-se a estragar o nosso manjar dos deuses! Nisto, eu pergunto o que eram umas pequenas embalagens perto dos toppings, que eram pequenos pacotes de geleia/compota. Mas o Alexander (como é conhecido por cá), confundiu com um frasquinho que estava mesmo ao lado do sal. E com isto, pega nele e decide virar em cima das paquecas da Nanda. Foi aqui que ela, aterrorizada lhe diz: «Isso é pimenta!»

O Trigas conseguiu confundir a pimenta com aquelas pepitas de chocolate!! Segundo ele, o frasco parecia mesmo ter chocolate lá dentro..! Conseguiu ignorar o facto de estar ao lado do sal (que estava num fraco igual, diga-se), e a mistura de cor escura com clara da pimenta! Não sei se foi o afamado problema de daltonismo ou não, a sorte da querida Fernanda foi mesmo não ter saído muita pimenta, associada à falta de pontaria do Mr Trigas!

The last supper... of 2010





Aqui estão algumas fotos do nosso último jantar de 2010 e que já foi bastante falado aqui no blog!

No jeans allowed..!

Sim, no hospital não podemos usar calças de ganga! Quando recebemos o nosso guia de estudante mal conseguiamos acreditar que fosse verdade. Ou então tinhamos esperança que não fosse bem assim. Mas ..!

Estão todos a imaginar pessoas muito bem vestidas e formais a pegar em animais e fazerem exames físicos? Na verdade não se vestem assim tão bem, embora não estejam super confortáveis para estar a tratar de animais. Nada de pijamas cirúrgicos, isso é mesmo só para a cirurgia. Nada de sapatilhas a não ser no bloco...
Quando analisamos melhor os 'outfits' das raparigas, andam calçadas com uns 'sapatos' que, na verdade, não são mais que socas... Enfim, americanices...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Sabes que estás na América quando... [1]

São 7.30AM e apanhas o autocarro. O autocarro pára 200 metros depois, não há nenhum semáforo ou paragem nas proximidades, só mesmo os arcos amarelos do Mac Donalds. O motorista, velhote, balofo e careca, salta do lugar, deixa o bicho ligado, as portas abertas... e desaparece no interior do Mac Donalds...

1 minuto...

4 minutos...

8 minutos...

e volta com um café e um saco, com os hamburgueres que vai comer ao longo da viagem. Sempre que os semáforos viram, é vê-lo, feliz e contente, a besuntar-se de hamburguer e molhos. Acabei de beber café com leite e estou espantada com tamanha resistência estomacal.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Put me in your supermarket list


Howdy! Como vai essa vida?
Bem, temos dito vezes sem conta que tudo aqui é king size. E é uma valente verdade.
Ontem, por exemplo, decidimos ir às compras. Precisávamos dos "essenciais" para uns dias, nada de muito complicado portanto.
Há milhentas lojas e restaurantes aqui nas proximidades, e, com a ajuda do João, que já sabe onde fica quase tudo, chegámos ao supermercado num instante. Cá fora, carros e SUV's de meter inveja a qualquer carrinho tuga, americano que se preze não conduz brinquedinhos.
O que mais espanta não é tanto o tamanho do supermercado, ou a largura dos corredores, é mais o espaço dedicado a cada tipo de artigo. Depois de percorrer dois corredores de batatas fritas, Doritos, Nachos, Pretzels e todo o tipo de aperitivo conhecido, demos com mais um gigantesco corredor de comida enlatada. Se o Armagedão estiver aí, acredito que os americanos hão-de sobreviver a beber sopinha Campbel's por um bom par de anos! Depois das latas, os congelados e a comida pré-cozinhada, sempre em quantidades exponencialmente mais elevadas que no nosso saudável país.
Um último corredor, com gelados king size (e a notada ausência de iogurtes líquidos!! Agora digam-me como é que eu vivo sem Adágio e bolachinhas Matinais????), e, por esta altura, já todo o supermercado tinha notado que havia 6 portugueses às compras... não perguntem porquê. Eu, que não dei por nada, fiquei encantada com a simpatia do funcionário que me pergunta se está tudo a correr bem, algures na zona das bolachas...
Resta falar do sistema de promoções. Em Portugal, é habitual um "buy 1, get 1 free", aqui... bem, lemos vezes sem conta "leve 10 por x", o que explica o tamanho dos SUVs... e o tamanho dos americanos!

We're gonna have a german boy

Basicamente a ideia que quero transmitir com isto é que vamos ter um alemão... Sim um rapaz que nasceu na Alemanha, ou que pelo menos vem da Alemanha e chega hoje aqui para morar comigo e com o João (é verdade também temos um português! Um rapaz do ICBAS que também vai estagiar cá em pequenos animais e que mora comigo)... Portanto, just for the record, vamos ter um alemão... e uma peruana velha, mãe do peruano novo extorquidor de dinheiro... Sim uma mulher do Peru, ou que pelo menos vem do Peru e que chega aqui dia 10 de Janeiro para morar conosco, e que deu à luz um rapaz do Peru, ou que pelo menos vem do Peru e que chega aqui dia 10 de Janeiro para nos extorquir dinheiro.
Resumindo, vamos ter um alemão!

New year's eve

Na verdade tivemos duas passagens de ano. Festejámos a passagem em Portugal (às 19h daqui) e a passagem aqui no centro de Knoxville, com o tema NY Style. Basicamente havia uma bola minúscula a descer de uma grua. Mas já chego a essa parte...

A ceia: restaurante de comida mexicana, o Chili's. O menu para duas pessoas com entrada e prato principal, trazia mais comida do que qualquer um de nós conseguia comer! O exagero chegou ao ponto de virem à mesa levar canecas de coca-cola meias cheias e trazer novas só porque era mais fresca! E no fim a caixinha para levarmos para casa comida que sobrou x)

Seguiu-se o autocarro até ao centro. Quando o autocarro inicia o movimento as luzes apagam e fica uma luz meia roxa ténue ligada... Pela primeira vez vimos passadeiras nas ruas! Já elaborámos a seguinte teoria: nos subúrbios, como ninguém anda a pé não há necessidade de haver passadeiras --'
Quando começámos a ver bastante gente concentrada numa praça foi para lá que decidimos ir. O ambiente estava agradável até que começou a chover!!! Faltava pouco mais de meia hora para a meia noite...! Fomos até um bar onde se demorava uma eternidade a conseguir uma bebida. Ao ponto de haver pessoal a reclamar pela demora.
Faltavam aí uns 2-3 minutos quando saímos para a praça (de ter em conta aqui, que a Nanda e o Trigas saíram de bebida em punho e que nos EUA é proíbido consumir bebidas alcoólicas em público), continuava a chover a bom ritmo e lá fizemos a contagem decrescente enquanto a mini-bola de luz descia! Mal passou a meia noite, todos os knoxvilianos começaram a desertar! Num instante a praça estava a ficar vazia. Voltámos mais um pouco para o bar, para depois decidirmos voltar para casa. Arranjar táxi foi toda uma odisseia. Chamar o táxi no meio da rua estilo hollywood. Eles parar até paravam, mas para nos informar que estavam ocupados e que já mandavam um colega para nos levar a casa. Ainda deu para vermos alguém a ser preso, ao vivo e a cores! Até lá todos os carros de polícia pelos quais tinhamos passados estavam vazios..!

Lá conseguimos chegar a casa, continuava a chover e ainda continua... E assim se passa o fim de ano no Tennessee!